Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
Dias de Chuva
O sol,
assim como eu, parece ter tirado umas férias.
A rua parece pedir socorro, se afogando em tanta água.
As crianças não correm na rua, os cachorros não cheiram os postes
e os passarinhos não entram pela janela para roubar comida.
Pela janela só tem entrado o vento que em mim provoca calafrios.
Do sofá para a cama, da cama para o computador.
Isso sem contar as compulsivas visitas a geladeira.
Já fiz e desfiz minhas unhas milhões de vezes,
Já arrumei meu quarto, fotografei as nuvens e dormi sem sono.
Já escutei meu Cd's antigos, e foliei as revistas.
Já acabei com os doces da geladeira,
Já tentei estudar, já consegui enrolar.
Já beijei meu espelho, já cortei o meu cabelo.
Aqui dentro as coisas parecem não acontecer.
A parede ainda não mudou de cor e a porta não consegue se abrir sozinha.
Esperei uma visita inesperada, mas não aconteceu.
Os dias foram passando, e eu fui agonizando.
E assim foram meus dias de chuva.
As crianças não correm na rua, os cachorros não cheiram os postes
e os passarinhos não entram pela janela para roubar comida.
Pela janela só tem entrado o vento que em mim provoca calafrios.
Do sofá para a cama, da cama para o computador.
Isso sem contar as compulsivas visitas a geladeira.
Já fiz e desfiz minhas unhas milhões de vezes,
Já arrumei meu quarto, fotografei as nuvens e dormi sem sono.
Já escutei meu Cd's antigos, e foliei as revistas.
Já acabei com os doces da geladeira,
Já tentei estudar, já consegui enrolar.
Já beijei meu espelho, já cortei o meu cabelo.
Aqui dentro as coisas parecem não acontecer.
A parede ainda não mudou de cor e a porta não consegue se abrir sozinha.
Esperei uma visita inesperada, mas não aconteceu.
Os dias foram passando, e eu fui agonizando.
E assim foram meus dias de chuva.
Bruna Viera .
Boooas Festas Liindas s2s2
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